domingo, 26 de agosto de 2007

Open XML: para pensar

Assisto a discussão acalorada sobre OpenXML se tornar um padrão ISO com muita curiosidade. Parece claro que, apesar de a Microsoft possuir a hegemonia das ferramentas de escritório, dificilmente vai reunir forças para sozinha fazer a ECMA 376 (OpenXML) se tornar ISO do jeito que está. Vejo que seria interessante para ela isso por razões simples como: facilita vender MS Office para governos e, ao mesmo tempo, polarizar o controle do padrão.
A discussão técnica sobre o tema na sessão aberta da ABNT foi muito pobre tecnicamente falando. Mas no fim me parece que o "Não com comentários" foi inevitavelmente justo. Uma derrota plantada há muito tempo de uma estratégia errada da MS na minha opnião, um passo além das pernas. Seria muito mais fácil produzir alguma coisa em cima de uma norma ISO já consolidada do que entrar em conflito com uma norma totalmente nova.

Mas acho interessante que apesar de eu concordar que uma "abstenção" ou um "não com comentários" seria benéfico para a evolução do padrão (que não deveria nunca ser posto em fast-track na ISO), vejo que algumas pessoas baseiam essa mesma opnião em argumentos muito fracos. O que resultou em uma chuva de comentários na norma aqui no Brasil.

O mais fraco que eu já vi foi porque o padrão não suporta senhas em documentos protegidos utilizando caracteres em chinês. (Nossa, quanta solidariedade do Brasil) Queria saber o impacto que isso vai ter nos documentos que circulam no ocidente.


Outro argumento bastante usado diz respeito ao tamanho da norma, vou me ater a este:

Recentemente tive acesso a um documento informativo sobre OXML da ECMA e percebi que certas características sobre a estrutura do padrão descaracterizam esse argumento muito usado sobre a implementação do OXML. Vamos a alguns fatos:

Material Normativo:
Parte 1 - Noções Básicas: 165 páginas
Parte 2 - Convenções para Pacotes Abertos: 125 páginas
Parte 3 - Informações preliminares : 466 páginas
Parte 4 - Referência da linguagem de marcação: 5.756 páginas
Parte 5 - Compactibilidade e extensibilidade de marcação: 34 páginas

Fazendo uma abordagem bem crítica e imparcial sobre o material, dá pra perceber que tirando a vastidão que é a referência (em alguns pontos até mesmo desnecessária, devo afirmar, pois a própria ISO possui definições de esquemas de representação de dados XML), a norma não chega a representar inviabilidade de implementação para nenhuma empresa. Porque? simples. Se você quiser produzir um software de processamento de planilhas, você nunca vai necessitar usar as 5756 páginas de referência, apenas um subconjunto delas, mais o conhecimento outras partes (Parte 1, 2, 3 e 5 ). Afinal, referência é referência. Não é documento para leitura linear, e sim para consulta.
Quem leu todo o JDK antes de escrever o "Hello World" em java que atire a primeira pedra :-)
Não que seja uma vantagem do OXML, mas acredito que não deveria ser visto como desvantagem.

Então, para quem diz que nunca se vai conseguir implementar completamente toda a norma OXML, esse alguem está absolutamente correto. Mas esta mesma pessoa está esquecendo que a norma não foi feita para ser completamente implementada. Ela foi feita para ser referência com o propósito de promover interoperabilidade entre sistemas.

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